Entre omissão e preconceito racial: discurso-acontecimento
DOI:
https://doi.org/10.24065/2237-9460.2019v9n4ID1009Resumo
O presente artigo tem por objetivo problematizar a proposição/implementação de currículos que abordem as relações étnico-raciais em cursos de professores de língua portuguesa. Nessa direção, a partir de pressupostos epistemológicos do campo bakhtiniano, buscamos defender que a concepção tradicional como um conjunto de disciplinas, conteúdos e atividades não consegue contemplar dimensões que abarquem as interações estabelecidas para que a aprendizagem em uma perspectiva crítica se efetive. Assim, considerando o contexto formativo de um curso de licenciatura em Letras, em que o objeto de estudo é o texto-enunciado, uma abordagem discursiva pode favorecer processos de ensino-aprendizagem que impliquem o sujeito e promovam a ressignificação de princípios axiológicos relacionados às questões de raça/racismo. Para a consecução deste trabalho, partimos de uma apresentação de pressupostos epistemológicos defendidos pelo Círculo de Bakhtin, com vistas a evidenciar a relevância de um currículo que contemple uma perspectiva dialógica. Para ilustrar a discussão dos pressupostos epistemológicos, utilizamos alguns excertos de atividades realizadas por alunos de graduação em um curso de extensão que teve por objetivo explorar questões relacionadas à (des)igualdade racial. A partir das discussões empreendidas, procuramos demonstrar que uma formação profissional para a docência demanda não somente a seleção de conteúdos e atividades, mas também, atos responsivos para a constituição de sujeitos éticos e sensíveis às demandas da sociedade.
Palavras-chave: Currículo. Relações étnico-raciais. Círculo de Bakhtin.