“EU REBOLO ATÉ O CHÃO MESMO!”: vidas precárias e corpos de gênero dissidentes no cotidiano escolar

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24065/2237-9460.2021v11n1ID1559

Palavras-chave:

Formação continuada, Práticas pedagógicas anti-lgbtfóbicas e não sexistas, Gênero e sexualidades

Resumo

Este artigo, a partir de uma análise do contexto de precariedade das vidas humanas, de suas subjetividades e de um tensionamento entre ofensivas anti-gênero e as dissidências da cisheteronormatividade problematiza como o cotidiano escolar enfrenta este embate a partir de corporalidades em movimentos desviantes. Discursos de ódio parecem ganhar amplo espaço nos últimos anos e nos colocaram num campo de grandes tensões, embates e disputas que atacam coletivos diversos de mulheres, de indígenas, quilombolas e da comunidade LGBTI+. Esse cenário, embora pareça nos arrastar para um quadro distópico pessimista e derrotista, nos mobiliza na busca por outras estratégias de enfrentamento aos discursos de ódio voltados para a desqualificação de determinados grupos de sujeitos. As disputas constroem narrativas distintas, principalmente, quando pensamos em políticas públicas educacionais voltadas para o enfrentamento das diversas discriminações, preconceitos e violências. Este texto apresenta achados de pesquisa que tomam as práticas pedagógicas de combate à violência de gênero e à lgbtfobia no cotidiano de escolas do Rio de Janeiro focalizando a complexidade das violências de gênero, bem como refletindo sobre potentes perspectivas de redução destas. As análises empreendidas sustentam-se principalmente no diálogo com o campo de estudos de gênero e sexualidade sob uma perspectiva pós-crítica. A formação continuada de professoras(es) tem se mostrado potente para produzir efeitos positivos no combate às diversas formas de violência e para construirmos uma sociedade antissexista, antirracista, anti-lgbtfóbica e mais democrática em defesa de direitos para toda(o,e)s.

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Biografia do Autor

Ivan Amaro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Pós-Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF). Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professor Associado da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas (PPGECC) da FEBF/UERJ e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).  Líder do Núcleo de Estudos Diferenças, Educação, Gênero e Sexualidades (NUDES).

Dilton Ribeiro Couto Junior, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ProPEd/UERJ). Professor Adjunto da Faculdade de Educação da UERJ e Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas (PPGECC) da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense da UERJ.

Bruno Rodrigues Ganem

Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEdu) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Membro do Núcleo de Estudos e Diferenças, Gênero e Sexualidades (NuDES). Professor da Educação Básica nos municípios do Rio de Janeiro e Duque de Caxias.

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Publicado

2021-04-28

Como Citar

AMARO, I. .; RIBEIRO COUTO JUNIOR, D. .; RODRIGUES GANEM, B. . “EU REBOLO ATÉ O CHÃO MESMO!”: vidas precárias e corpos de gênero dissidentes no cotidiano escolar. Revista Exitus, [S. l.], v. 11, n. 1, p. e020143, 2021. DOI: 10.24065/2237-9460.2021v11n1ID1559. Disponível em: https://portaldeperiodicos.ufopa.edu.br/index.php/revistaexitus/article/view/1559. Acesso em: 30 set. 2024.

Edição

Seção

Dossiê