O ENSINO DE QUÍMICA COMO UNIDADE DIALÉTICA ENTRE OS NÍVEIS MACROSCÓPICOS E SUBMICROSCÓPICOS: para além do triângulo do Johnstone
DOI:
https://doi.org/10.24065/2237-9460.2021v11n1ID1607Palavras-chave:
Triângulo de Johnstone, Níveis da representação química, Teoria histórico-cultural da atividadeResumo
No ensino de química há uma adoção quase que hegemônica das ideias do professor Alex Johnstone sobre os três níveis representacionais do conhecimento químico, os quais ficaram conhecidos como triângulo de Johnstone: macroscópico, submicroscópico e simbólico. Nesse sentido, muitos trabalhos tomam essa ideia como embasamento quase que natural e focalizam o debate na forma de torná-lo didático, deixando em segundo plano discussões epistemológicas necessárias. No entanto, este trabalho tem como objetivo contribuir com a crítica ao triângulo de Johnstone e promover uma discussão que gere uma nova compreensão da realidade sobre os níveis do conhecimento químico através da perspectiva do materialismo histórico-dialético e da psicologia histórico-cultural. Esses fundamentos nos levaram a propor que a química se fundamenta na unidade dialética entre dois níveis da realidade, o macroscópico e submicroscópico, mediados pela representação. Além disso, apontamos princípios da prática pedagógica para que a nossa concepção pudesse ganhar materialidade para o campo do ensino de química.
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