INCLUSÃO, INTERCULTURALIDADE E DECOLONIALIDADE: quando as questões de raça, gênero e classe social interrogam as práticas docentes
DOI:
https://doi.org/10.24065/2237-9460.2015v1n1ID1697Palavras-chave:
Inclusão, Interculturalidade, práticas culturais subalternizantesResumo
Este artigo tem por objetivo discutir os conceitos de inclusão, interculturalidade e decolonialismo a partir de situações vividas por dois professores de artes visuais, também autores deste artigo, os quais buscam, em seus contextos pedagógicos, fomentar a reflexão de seus alunos para derenraizamento de práticas culturais subalternizantes. A metodologia utilizada é a pesquisa-ação, já que é a partir das situações emergentes em sala que se estabelecem as categorias de pesquisa e a ação interventiva capazes de provocar mudanças nos sujeitos, promovendo a inclusão e o respeito às diferenças. A partir do exposto, pode-se concluir que, no imaginário social ainda vigente na sociedade brasileira, ainda há um caminho difícil de conscientização em relação às questões raciais e de que maneira estas se veem incluídas nos currículos e práticas dos docentes da educação básica. Assim, defende-se a importância de questionar e desessencializar visões e discursos congelados sobre raça e gênero no ambiente escolar, seja qual for a faixa etária dos alunos, pois se trata de estimular a desidentificação. A promoção do reconhecimento das diferenças presentes no cotidiano escolar necessita ser entendida como possibilidade de enriquecimento dos saberes e trocas de experiências escolares. Para tanto, é interessante que haja nas instituições escolares uma constante revisão das relações entre seus atores, da seleção de currículos e da didática para que estes rompam com o universalismo e o eurocentrismo, de maneira que o processo de inclusão das diferenças oriente e elabore novos saberes e possibilidades de aprendizagem.
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