O NARRADOR PLURAL: biografias e disposições sociais de contadores de histórias
Biografias e disposições sociais de contadores de histórias
DOI:
https://doi.org/10.24065/2237-9460.2022v12n1ID1996Palavras-chave:
Contadores de histórias. Disposições sociais. Método biográfico-narrativo.Resumo
A linguagem é o meio pelo qual os seres humanos se relacionam, dialogam e comunicam, de diversas formas, incluindo a imagem, a música, a dança, etc. É toda a forma de expressão, incluindo a língua, mas não se restringindo a ela. Neste artigo, que apresenta um trabalho empírico sobre práticas narrativas de contadores de histórias, com base em entrevistas biográficas, salta à vista a importância da linguagem, tal é a variedade de recursos que eles mobilizam, de forma plural, mas também singular, em contextos e com públicos muito variados, usando o corpo, o movimento, o gesto, a teatralidade e a ludicidade. O quadro teórico e metodológico que inspira a pesquisa é o da sociologia à escala individual, de Bernard Lahire, com aproximações aos retratos sociológicos propostos por este sociólogo francês. Num primeiro momento, discute-se o método biográfico-narrativo e a crescente importância que o mesmo tem tido na sociologia e nas ciências sociais, em geral, analisando-se seguidamente duas entrevistas biográficas com contadores de histórias, procurando assim dar conta do social individualizado. O ator plural, que é designado, por afinidade, no título do presente artigo, narrador plural (o contador de histórias), constrói, nos seus percursos e através de experiências de socialização passadas, patrimónios individuais de disposições para agir, para crer e para sentir, que se tornam presentes de maneira compósita e não linear nas suas práticas narrativas.
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