NEOLIBERALISMO, IDEB E QUALIDADE EDUCACIONAL: ressonâncias em produções científicas (2017-2019)
DOI:
https://doi.org/10.24065/2237-9460.2023v13n1ID2220Palavras-chave:
IDEB, Qualidade da Educação, NeoliberalismoResumo
Este texto é parte de uma pesquisa que teve como objetivo perscrutar a relação estabelecida entre o IDEB enquanto um instrumento de verificação da qualidade, ou como um dispositivo de responsabilização educacional. Para atender ao proposto, fez-se um estudo sobre o neoliberalismo e sua influência nas políticas educacionais, em particular, sua ressonância com o índice do IDEB como instrumento de medida da qualidade da educação. Efetivou-se, para tanto, uma pesquisa bibliográfica em produções científicas (teses e dissertações) com publicação no ‘Catálogo de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)’. A seleção do corpus para análise ocorreu por meio de um recorte temporal entre os anos de 2017 a 2019, tendo como seleção final um total de 4 (quatro) dissertações. As análises foram cometidas com base na teoria foucaultiana da Análise do Discurso (AD). Conforme evidenciado, nota-se um movimento que encaminha o IDEB a uma direção oposta ao que se propõe realizar, de divulgar um resultado que aponte a qualidade da educação. Os discursos das produções científicas revelam a faceta mercadológica do índice, sendo reconhecido pelos atores educacionais apenas como um número, um rótulo de classificação/ranqueamento a serviço da meritocracia. Constata-se, portanto, sua vertente não como um mecanismo de diagnóstico, e sim, de um produto do sistema neoliberal que exige e condiciona a educação para ‘produção’ de sujeitos que respondam a lógica concorrencial, isto é, atuando de forma eficiente e oferecendo respostas eficazes ao mercado.
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