EXISTE UM CORPO PADRÃO?: percepções de alunos sobre a atuação profissional de uma professora de Educação Física com deficiência física
DOI:
https://doi.org/10.24065/re.v13i1.2387Palavras-chave:
Deficiência física, Preconceito, AcessibilidadeResumo
O estudo objetivou investigar as percepções dos alunos sobre a prática profissional de uma professora de Educação Física com deficiência física. Trata-se de um estudo qualitativo no qual participaram 4 alunos acompanhados pela professora em atividade de personal trainner. Para coleta de dados, foram realizadas entrevistas semiestruturadas. Para análise dos dados, foram construídas quatro categorias, sendo elas: capacitismo; estética, corpo e padronização; preconceito e estigma e acessibilidade arquitetônica. Como resultados foi possível identificar a presença de preconceito manifestado por meio de posicionamentos dos alunos sobre a relação corpo e eficiência. Observa-se também que a valorização do corpo do profissional de Educação Física ainda carrega o pensamento estereotipado de um corpo esteticamente padronizado. Aspectos relacionados ao estigma e preconceito podem ser identificado em falas que afirmam que a profissão de personal trainner para pessoas com deficiência física é impensada ou foge à concepção de normalidade. O estudo conclui que as percepções dos alunos acerca da atuação profissional da personal trainner evidenciam aspectos capacitistas e se apresentam carregadas de estigma e preconceito.
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