TRAJETÓRIAS DE ESCOLARIZAÇÃO DE MULHERES INDÍGENAS PURUBORÁ, SURUÍ E APURINÃ EM UMA INSTITUIÇÃO AMAZÔNICA
DOI:
https://doi.org/10.24065/re.v13i1.2426Palavras-chave:
Colonialidade/ Decolonialidade, Licenciatura Intercultural, Mulheres IndígenasResumo
A pesquisa objetiva analisar aspectos da trajetória de escolarização de mulheres indígenas no curso de Licenciatura em Educação Básica Intercultural da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), campus de Ji-Paraná. Os objetivos específicos consistem em: a) descrever como as estudantes indígenas avaliam sua trajetória de escolarização; b) levantar as vivências/experiências acadêmicas das mulheres indígenas ingressantes no curso. O estudo se estrutura a partir das orientações teóricas de estudiosas/os da colonialidade/decolonialidade e da interculturalidade crítica. A metodologia está embasada nas pesquisas documental, bibliográfica e narrativa. Foi realizada entrevista narrativa com três acadêmicas e uma docente do curso. Entre os desafios levantados é possível inferir que o Departamento de Educação Intercultural (DEINTER) se depara com a problemática do acolhimento das mães e das crianças indígenas na universidade. Através das narrativas, foi possível identificar a urgência de um espaço para atender às necessidades específicas das mulheres, acadêmicas, mães indígenas. Identificou-se, ainda, que as mães, por falta de opção, deixam as/os filhas/os na aldeia aos cuidados de parentes e convivem com a incomum distância, não vivenciada pela ancestralidade indígena. O desafio encontrado ainda é a permanência dessas/es estudantes no espaço universitário.
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