EPISTEMICÍDIO ACADÊMICO, RELAÇÕES DE GÊNERO E INTERSECCIONALIDADE: DESAFIO PARA UM CURRÍCULO DECOLONIAL, INCLUSIVO E PLURAL

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24065/re.v15i1.2796

Palavras-chave:

Epistemicídio Acadêmico, Currículo Decolonial, Interseccionalidade

Resumo

O presente artigo resulta de um estudo que analisou as relações entre o epistemicídio, currículo escolar e as desiguladades de gênero, e seus possiveis desafios, com o objetivo de promover um currículo decolonial, inclusivo e plural, tendo como principal estratégia a abordagem interseccional. Apresentando a revisão bibliográfica crítica como porposta metodológica, que se fundamenta teoricamente nos conceitos chaves de epistemicídio, gênero, interseccionalidade e decolonialidade. Entre os autores referenciados neste texto temos: Boaventura de Souza e Santos, bell hooks, Maria Lugones, Aníbal Quijano, Kimberly Cresnshaw, Viveros Vigoya, entre outros. Está organizado em três eixos temáticos que estão interligados e com proposições em transformações de práticas acadêmicas através de um currículo mais equitativo e plural. Destaca ainda, como a interseccionalidade contribui para desestruturação do epistemicídio acadêmico e para a ressignificação e valorização dos diversos saberes, propiciando a construção de um currículo que reconhece e respeita as diversidades existentes e as experiências vividas pelos diferentes povos, principalmente os em situações de maiores vulnerabilidades.

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Biografia do Autor

Gisseila Andrea Ferreira Garcia Andrade, Universidade de Santiago

É Obstetra, Mestre e Doutora em Saúde Pública, atualmente cursando um estágio de pós-doutorado em Saúde Global no âmbito do programa ENVOLVE Ciência PALOP no Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa, com financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian. É docente universitária e atua como epidemiologista social, dedicando-se a pesquisas baseadas em evidências científicas, com foco em Doenças Crônicas Não Transmissíveis, como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. Além disso, Gisseila é consultora independente em gênero, interseccionalidade e mudanças climáticas.

Edna Alves Pereira da Silva, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutoranda em Educação em Ciências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com Doutorado sanduíche na Universidade de Santiago (US) – Cabo Verde sendo Bolsista do Programa Institucional de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE). Mestra em Ensino, Linguagem e Sociedade pela Universidade do Estado da Bahia – Campus VI. Licenciada em Geografia pela Faculdade de Tecnologia e Ciências- FTC. Professora da Rede Municipal de Educação de Malhada de Pedras/BA. Membro da comissão gestora do Comitê Baiano de Educação Integral Integrada. Membro do Observatório Nacional de Educação Integral. Membros dos Grupos de Pesquisas GPCSL/UNEB e Educação Integral na escola e na sociedade: sujeitos, territórios, dimensões e interfaces-UFRGS/CNPq. Membro da Cátedra da UNESCO “Cidade que educa e transforma”. Embaixadora do Programa de Saúde Planetária 2024. Participa da REDHUMANI – Rede Brasileira por instituições educativas socialmente justas e aldeias, campos e cidades que educam.

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Publicado

2025-03-21

Como Citar

ANDRADE, G. A. F. G.; ALVES PEREIRA DA SILVA, E. . EPISTEMICÍDIO ACADÊMICO, RELAÇÕES DE GÊNERO E INTERSECCIONALIDADE: DESAFIO PARA UM CURRÍCULO DECOLONIAL, INCLUSIVO E PLURAL. Revista Exitus, [S. l.], v. 15, n. 1, p. e025028, 2025. DOI: 10.24065/re.v15i1.2796. Disponível em: https://portaldeperiodicos.ufopa.edu.br/index.php/revistaexitus/article/view/2796. Acesso em: 7 abr. 2025.

Edição

Seção

Dossiê