Um percurso pelas marcas invisíveis da violência em uma escola pública amazônica
DOI:
https://doi.org/10.24065/2237-9460.2017v7n3ID357Resumo
Este trabalho configura-se com um recorte de uma dissertação de mestrado, cuja análise das informações produzidas revelou duas modalidades de violência na escola: uma nomeada/sentida e outra não percebida como tal. Diante dos limites desta produção textual, abordamos mais especificamente a violência invisível. O objetivo deste estudo foi investigar a violência invisível de uma unidade escolar de periferia urbana da região amazônica, a partir dos significados e sentidos atribuídos por seus integrantes, cuja localidade de seu entorno geográfico é marcada pelo estigma da violência, à luz da Psicologia Histórico-Cultural. Os procedimentos metodológicos envolveram análise documental e entrevistas individuais semiestruturadas gravadas. Participaram das entrevistas dois professores, dois alunos do ensino médio e dois funcionários de apoio. Adotamos como procedimento para análise dos dados produzidos/coletados a elaboração da seguinte categoria analítica: Marginalidades do olhar: a violência não sentida. Os resultados indicam que muitas práticas presentes no cotidiano escolar são promotoras de alienação, repercutindo em sofrimentos psicológicos/simbólicos, em perda da autonomia dos agentes e da instituição como um todo, em sentimentos de fracasso diante da precariedade de condições mínimas de ensino e aprendizagem, mas não são significadas como violências sofridas e/ou exercidas pela escola, o que se nomeou neste estudo como formas de violências invisíveis. No entanto, o sentido da violência escolar, visto como indisciplina ou crime, transfere exclusivamente aos indivíduos a responsabilidade pelo fenômeno, isentando a escola, suas ações e seus agentes de participação no que ali se produz e, fundamentalmente, da autoria dos atos de violência, a chamada violência da escola.
Palavras-chave: Violência Invisível. Significados e Sentidos. Escola de Periferia Urbana.