Ler com crianças
DOI:
https://doi.org/10.24065/2237-9460.2018v8n3ID637Resumo
Isso, ainda que nem todos façam, todos dizem: ler com crianças tem muito valor.
Eu também acho. Mas acho também que é preciso pôr mais direitinho as cores nesse quadro, para que não nos percamos numa nebulosa enganosa, cheia de frases de efeito e poucos feitos. Fiar-se em um consenso assim tão forte traz grande risco de a palavra cair no vazio, deixando-se de examinar as condições de verdade em que a ideia se aplica, em que funciona de fato.
Sabemos bem que há umas tantas meias verdades quando o assunto é leitura. Verdades de dourar a pílula, enaltecendo a prática de ler como se fosse panaceia. E, se elas imperarem nas falas e gestos que se querem de leitura com criança, serão bem poucos os frutos que se poderão colher.
O que farei, então, para entabular a conversa, é pôr no ar umas tantas perguntas que me fazem professores em cursos de formação e meus alunos de Pedagogia e Letras nas aulas de Alfabetização e de Literatura Infantil – ora com o olhar profissional, ora como adultos que vivem com suas crianças – e tentar respondê-las desenhando um cenário em que o desejo de ler com crianças faça sentido.