"Cabelo é como pensamento": entrelaçando combates antirracistas pelos fios de cabelo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24065/2237-9460.2020v10n1ID811

Palavras-chave:

Cotidiano Escolar, Cabelos, Raça

Resumo

Uma das características da contemporaneidade é uma explosão de identidades políticas centradas no feminismo, nas identidades gays, lésbicas e negras. Nesta pluralidade da vida social, interessa-nos refletir sobre os corpos negros como sujeitos que foram apagados pela modernidade e que sempre são apontados nos censos e nas pesquisas como em situação de inferioridade. A discussão sobre ‘cabelo’ serve como um claro exemplo de temas que podem ser entrelaçadas com o cotidiano escolar e que podem trazer grandes possibilidades de transformações no combate contra o racismo. Assim, este estudo aborda como uma professora de uma escola da periferia urbana de Duque de Caxias (RJ) entrelaça questões antirracistas pelos fios de seu cabelo – literal e metaforicamente – e em suas práticas. Observamos também os modos pelos quais duas alunas desta professora são positivamente por ela impactadas. Os principais instrumentos para a geração de dados foram: as narrativas da professora e de duas alunas, a observação do cotidiano escolar e as anotações de conversas informais consideradas significantes. Tal processo evidenciou a importância de se trazerem discussões visando ao combate ao racismo para o cotidiano escolar de modo que se apresentem aos/às estudantes outras possibilidades de sociabilidades que, por sua vez, ampliem o conhecimento de si próprios/próprias e do outro. Assim, também serão ampliadas a autoestima e o respeito ao próximo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Paulo Melgaço da Silva Junior, Faculdade Gama e Souza

Pos doutorando em educação pela UFRJ, Doutor em Educação UFRJ Mestre em educação comunicação e cultura FEBF/UERJ.

Professor na rede publica municipal de Duque de Caxias e na Faculdade Gama e Souza

Ricardo Pinheiro de Almeida, UFRJ

Doutorando no programa interdisciplinar em Linguistica Aplicada da

Referências

ANTUNES, A; BENJOR, J. Cabelo. Rio de Janeiro: Warner Music, 1989. Disponível em: <http://www.arnaldoantunes.com.br/new/sec_discografia_ sel.php?id=124>. Acesso em 1 fev. 2019.

BARNARD, I. Queer race. New York: Lang, 2004.

BRASIL. Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Diário Oficial da União, 10 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 dez. 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”.

CASTRO-GÓMEZ, S. Ciências sociais, violência epistêmica e o problema da “invenção do outro”. In: LANDER, E. (Org.). A colonilidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLASCO, 2005. p. 80-77.

COSTA DE PAULA, R. “Não quero ser branca não. Só quero um cabelo bom, cabelo bonito” – Performances de corpos/cabelos de adolescentes negras em práticas informais. 2010. 298f. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) – Instituto de Estudos da Linguagem. Universidade Estadual de Campinas, Campinas/SP, 2010.

CRENSHAW, K. W. A intersecionalidade na discriminação de raça e gênero. Cruzamento: raça e gênero. Brasília: Unifem, 2004. p. 7-16.

FANON, F. Pele negra, máscaras brancas. Trad. Renato Silveira, Salvador: EDUFBA, 2008.

FLICK, U. Entrevista Episódica. In: BAUER, M. W.; GASKELL, G. (Orgs.). Pesquisa Qualitativa com Texto, Imagem e Som - Um manual prático. 2. ed. Trad. Pedrinho A. Guareschi. Petrópolis/RJ: Vozes, 2002. p. 114-136.

GOMES, N. L. O movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.

GOMES, N. L. Sem perder a raiz - Corpo e cabelo como símbolos da identidade negra. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. 7. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

HOOKS, B. Alisando o nosso cabelo. Revista Gazeta de Cuba – Union de escritores y artista de Cuba, Trad. Lia Maria dos Santos, p. 1-8, jan-fev. 2005. Disponível em: <http://www.geledes.org.br/alisando-o-nosso-cabelo-por-bellhooks/#axzz3ZBBwtIph>. Acesso em: 04 fev. 2019.

KING, J. R.; SCHNEIDER, J. J. Locating a place for gay and lesbian themes in elementary reading, writing and talking. In: LETTS, W. J.; SEARS, J. (Edits.). Queering elementary education: advancing the dialogue about sexualities and schooling. New York: Rowman & Littlefield Publishers, 1999. p. 3-14.

LOURO, G. L. Os estudos feministas, os estudos gays e lésbicos e a teoria queer como políticas de conhecimento. In: LOPES, D. et al (Orgs.). Imagem e diversidade sexual: estudos da homocultura. São Paulo: Nojosa, 2004. p. 23-28.

LUGONES, M. Heterosexism and the colonial/modern gender system. Hypatia – A Journal of Feminist Philosophy, v. 22, n. 1, Indiana/USA, p. 186-219, Feb. 2007. Disponível em: <http://onlinelibrary.wiley. com/wol1/doi/10.1111/j.1527-2001.2007.tb01156.x/full>. Acesso em: 8 dez. 2018.

LUGONES, M. Rumo a um feminismo descolonial. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 22, n. 3, p. 935-952, set/dez 2014. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/36 755/28577>. Acesso em: 15 fev. 2017.

LUGONES, M. Subjetividad esclava, colonialidad de género, marginalidad y opresiones múltiples. Pensando los feminismos en Bolivia. Serie Foros 2. La Paz: Conexión Fondo de Emancipación, 2012. p.129-140. Disponível em: <http://www.conexion.org.bo/uploads/Pensando_los_ Feminismos_en_Boli via.pdf >. Acesso em: 10 jan. 2019.

LUGONES, M. Toward a decolonial feminism. Hypatia – A Journal of Feminist Philosophy, v. 25, n. 4, Indiana /USA, p. 742-759, 2010. Disponível em: <http://onlinelibrary.wiley.com /wol1/doi/10.1111/j.1527-2001.2010.01137.x/ full>. Acesso em: 10 jan. 2019.

MIGNOLO, W. Histórias locais/ projetos globais: Colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Trad. Solange Ribeiro de Oliveira. Belo Horizonte: UFMG, 2003.

MIGNOLO, W. La idea de América Latina: la herida colonial y la opción decolonial. Barcelona: Gedisa, 2007.

MOREIRA, A. F. B; SILVA JUNIOR, P. M. Currículo Transgressão e Diálogos: Quando outras possibilidades se tornam necessárias. Revista Tempos e Espaços em Educação, v. 9, n. 18, p. 45-54, jan./abr. 2016.

OLIVEIRA, L. F. Histórias da África e dos africanos na escola: as perspectivas para a formação dos professores de história quando a diferença se torna obrigatoriedade curricular. 2010. 281 f. Tese (Doutorado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro, 2010.

PINAR, W.F. What is curriculum theory? Mahwah, NJ: Erlbaum, 2004.

QUIJANO, A. Colonialidad del Poder, Globalización y Democracia. Tendencias básicas de nuestra época: globalización y democracia, v. 1 de Cuadernos (Instituto de Altos Estudios Diplomaticos Pedro Gual) Caracas: Ministerio de Relaciones Exteriores / Instituto de Altos Estudios Diplomáticos Pedro Gual, 2001, p. 25-61.

SODRÉ, M. Claros e escuros. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.

SOMERVILLE, S. B. Queering the color line: race and the inventation of homosexuality in American culture. Durham: Duke University Press, 2000.

WALSH, C. Interculturalidade crítica e pedagogia decolonial: in-surgir, re-existir e re-viver. In: CANDAU, V. (Org.). Educação intercultural na América Latina: entre concepções, tensões e propostas. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2009b. p. 12-42.

WALSH, C. Interculturalidad, plurinacionalidad y decolonialidad: las insurgencias político-epistémicas de refundar el Estado. Tabula Rasa, n. 9, Bogotá, p. 131-152, jul./dic., 2008.

WALSH, C. Interculturalidad y (de)colonialidad: perspectivas críticas y políticas. Visão Global, v. 15, n. 1-2, Joaçaba, p. 61-74 jan./dez., 2012. Disponível em: <https://editora.unoesc.edu. br/index.php/visaoglobal/article /view/3412>. Acesso em: 1 de março de 2013

WALSH, C. Interculturalidad y (de)colonialidad: perspectivas criticas y políticas. CONGRESSO ARIC, 12., 2009, Florianópolis. Anais... Florianópolis: ARIC, 2009a.

WALSH, C. La Interculturalidad en la Educación. Lima-Perú: Unicef; Ministerio de Educación, 2005. Disponível em: <https://www.unicef.org/peru/_files/Pu blicaciones/Educacionbasica/peru_educaci on_.pdf >. Acesso em: 15 fev. 2019.

WILCHINS, R. Queer theory, gender theory. Los Angeles: Alysson Books, 2004.

Downloads

Publicado

2020-08-28

Como Citar

SILVA JUNIOR, P. M. da; ALMEIDA, R. P. de. &quot;Cabelo é como pensamento&quot;: entrelaçando combates antirracistas pelos fios de cabelo. Revista Exitus, [S. l.], v. 10, n. 1, p. e020073, 2020. DOI: 10.24065/2237-9460.2020v10n1ID811. Disponível em: https://portaldeperiodicos.ufopa.edu.br/index.php/revistaexitus/article/view/811. Acesso em: 22 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos