"Cabelo é como pensamento": entrelaçando combates antirracistas pelos fios de cabelo
DOI:
https://doi.org/10.24065/2237-9460.2020v10n1ID811Palavras-chave:
Cotidiano Escolar, Cabelos, RaçaResumo
Uma das características da contemporaneidade é uma explosão de identidades políticas centradas no feminismo, nas identidades gays, lésbicas e negras. Nesta pluralidade da vida social, interessa-nos refletir sobre os corpos negros como sujeitos que foram apagados pela modernidade e que sempre são apontados nos censos e nas pesquisas como em situação de inferioridade. A discussão sobre ‘cabelo’ serve como um claro exemplo de temas que podem ser entrelaçadas com o cotidiano escolar e que podem trazer grandes possibilidades de transformações no combate contra o racismo. Assim, este estudo aborda como uma professora de uma escola da periferia urbana de Duque de Caxias (RJ) entrelaça questões antirracistas pelos fios de seu cabelo – literal e metaforicamente – e em suas práticas. Observamos também os modos pelos quais duas alunas desta professora são positivamente por ela impactadas. Os principais instrumentos para a geração de dados foram: as narrativas da professora e de duas alunas, a observação do cotidiano escolar e as anotações de conversas informais consideradas significantes. Tal processo evidenciou a importância de se trazerem discussões visando ao combate ao racismo para o cotidiano escolar de modo que se apresentem aos/às estudantes outras possibilidades de sociabilidades que, por sua vez, ampliem o conhecimento de si próprios/próprias e do outro. Assim, também serão ampliadas a autoestima e o respeito ao próximo.
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