Políticas de igualdade de género: uma reflexão a partir de um estudo sobre manuais escolares
DOI:
https://doi.org/10.24065/2237-9460.2018v8n1ID392Resumo
O estudo, de natureza exploratória, que apresentamos neste trabalho incidiu sobre quatro manuais escolares da disciplina de Estudo do Meio, destinados ao primeiro ano de escolaridade do ensino básico, pertencentes a editoras distintas. Procurámos perceber as representações de género privilegiando a técnica da análise da imagem presente nos manuais escolares quer numa abordagem quantitativa, quer numa abordagem qualitativa. Para análise das imagens foram tidas em conta categorias definidas a priori. O estudo revelou a transmissão de modelos estereotipados de mulheres e de homens sendo-lhes atribuídas caraterísticas físicas e psicológicas que seguem, de muito perto, os modelos tradicionais de feminilidade e de masculinidade. As orientações internacionais e nacionais não têm conduzido a resultados efetivamente visíveis nos materiais pedagógicos destinados à escola, em particular nos manuais escolares. Apesar de o discurso político-normativo promover a igualdade de género, continuam a ser percetíveis, nos manuais escolares, desigualdade nas representações sociais de homem e de mulher. Este facto leva-nos a refletir, como temos vindo a fazer noutros trabalhos de investigação, sobre os impactos efetivos nos contextos, quando as mudanças são promovidas por decreto, numa lógica top-down. A vasta legislação sobre a matéria, recomendações e iniciativas de controle e avaliação não são suficientes para que se registem mudanças significativas. Este estudo exploratório mostra, pois, o questionamento sobre a razão da continuidade da transmissão de modelos estereotipados de género nos manuais escolares, contrariando as recomendações supranacionais e nacionais e legislação em vigor, em Portugal.
Palavras-chave: Discurso político-normativo. Igualdade de género. Manuais escolares.