A escola indígena munduruku: o ensino do idioma nativo como estratégia de coesão social
Resumo
Este artigo discute a estratégia de afirmação identitária exercida pelos líderes Mundurukú, das aldeias Praia do Índio e Praia do Mangue, localizadas na cidade de Itaituba, no sudoeste do estado do Pará, na Amazônia brasileira, através da utilização da escola indígena, da educação e do ensino do idioma na tentativa de socializar os jovens Mundurukú nos seus símbolos nativos. Esse tema será discutido procurando verificar aspectos que dizem respeito à complexidade desse empreendimento e seus reflexos nessas aldeias-urbanas. As lideranças locais visam promover o respeito aos padrões tradicionais da etnia que segundo seus ideários auxiliaria a manter a sociedade Mundurukú coesa, pois esta é uma condição fundamental para a reprodução do grupo social na situação de contato. Este estudo foi realizado durante o curso de mestrado em Antropologia, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará, entre 2006 e 2008. Foram realizados trabalho de campo em Itaituba, onde se situam as aldeias. Ocasião onde foram entrevistados membros de doze famílias de um total de duzentas e cinquenta e oito pessoas. O resultado da pesquisa mostrou que nestes grupos foi possível perceber a adaptação das instituições tradicionais Mundurukú. E que a interação e contato com a sociedade nacional fez surgir uma nova ordem social, que guarda tanto elementos da sociedade nacional quanto características tradicionais Mundurukú. As instituições tradicionais Mundurukú, apesar de tudo, continuam marcando os espaços de poder que ainda são regulados pelo parentesco, pelos clãs e pelo ‘cacicado’.
Palavras-Chaves: Escola indígena. Educação bilíngue. Índios mundurukú.