História e memória: a doutrina de segurança nacional e a cultura escolar da Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (1968-1985)
DOI:
https://doi.org/10.24065/2237-9460.2020v10n1ID1435Palavras-chave:
História Oral, Memória, Ditadura Militar, Doutrina de Segurança NacionalResumo
No âmbito educacional, a ideologia da Ditadura, por meio da Doutrina de Segurança Nacional, foi um forte mecanismo de legitimação dos governos militares reverberando em reformas de todas as modalidades e níveis. Especificamente no caso da Educação Profissional, houve mudanças no currículo e acentuação, na rotina escolar, de regras, horários e disciplinamento. Além da forte aproximação com o modelo tecnicista que imprimia uma atmosfera de empresa à escola. Nosso objetivo neste artigo é realizar uma discussão teórica acerca da história oral e memória relacionada a cultura escolar da Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte-ETFRN (1968-1985), durante a Ditadura Militar. Dialogamos com Maurice Halbwachs, Michael Pollack e Ecléia Bosi, no que se refere a noção de memória, esquecimento e silêncio. E, no caso da história oral, as obras de Verena Alberti, Sebe Bom Meihy e Suzana Ribeiro, Alessandro Portelli, Ana Maria Mauad, nos deram as bases para a compreensão dos usos da história oral como arte da escuta e integrada aos novos tempos, ao fazer registros não só auditivos, mas também visuais/imagéticos. Associado a oralidade usaremos também outras fontes: escritas e visuais, como jornais da época, fotografias, diários de classe, currículos e etc. Consideramos que não há uma realidade unívoca, a mesma escola que regulava e disciplinava era a que, por meio de vivências múltiplas construía sujeitos críticos e capazes de ir além do saber fazer.
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