O “NÃO LUGAR” DO “CORPO TRAVESTI” NO “CORPO DISCENTE” DA PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA NA AMAZÔNIA NORTISTA
DOI:
https://doi.org/10.24065/2237-9460.2023v13n1ID2119Palavras-chave:
Pessoas T , Pós-graduação e pesquisa, AmazôniaResumo
Atualmente são pouquíssimas as travestis/transexuais que desenvolvem uma carreira acadêmica. Estima-se que 90% delas estejam em situação de prostituição. No entanto, recentemente, no ano de 2020, a Folha/SP publicou uma fala transfóbica do Ministro da Educação da gestão de Bolsonaro: “tenho reservas e ressalvas em relação a ter professoras travestis e transgêneros na sala de aula”. A partir disso, neste trabalho apresentamos uma amostra dos programas de pós-graduação em educação na região Norte sobre/com as travestis/transexuais nas dissertações e teses na Amazônia nortista. Trata-se de uma “pesquisa implicada” (ROCHA; MAIA, 2017) de base fenomenológica do grupo Gepce/minorias com autorias como: bell hooks (2019), Judith Butler (2008), Daniel Borrillo (2010). Nos resultados sinalizamos sobre a “objetificação” de “corpas trans” e a negação das oportunidades de acesso à educação superior, à pós-graduação e pesquisa em função do “lugar” de subalternação no qual somos nós, “pessoas T”, colocadas; apesar de que ao menos 12 universidades federais já ter cotas para alun@s trans, e algumas com vagas específicas na graduação e pós-graduação.
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