ANIMAIS PERIGOSOS? UMA ANÁLISE DAS RESPOSTAS EMOCIONAIS DE VISITANTES ADULTOS NO SERPENTÁRIO DO MUSEU DA AMAZÔNIA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24065/re.v14i1.2691

Palavras-chave:

Interação social., Aprendizagem, Afeto, Serpentes, Emoções

Resumo

Neste estudo, tivemos como objetivo investigar as emoções vivenciadas por adultos durante visitas ao serpentário do Museu da Amazônia, em Manaus, Brasil. Especificamente, buscamos responder: (a) Que emoções ocorrem em conversas de grupos de adultos em visita a um serpentário?, (b) Como diferentes espécies de serpentes evocam diferentes respostas emocionais? e (c) Qual o papel dos mediadores na experiência emocional e de aprendizagem dos adultos? Dez grupos de adultos, totalizando 29 pessoas, participaram do estudo. As interações foram capturadas usando câmeras GoPro, permitindo o registro de diálogos e interações a partir da perspectiva do visitante. O processo de classificação e identificação das emoções, feito diretamente nos vídeos, foi realizado a partir de descritores padronizados. Os resultados revelaram um total de 12 descritores de emoções (seis negativos, um neutro e cinco positivos) que emergiram da experiência de visita. No entanto, verificamos que a ocorrência de emoções positivas, como curiosidade e diversão, foi mais expressiva (n=136), em comparação às negativas (n= 15), como medo e preocupação, o que indica que a experiência de visita teve um aspecto positivo. Este resultado contrasta com estudos que reforçam o fato de as serpentes historicamente evocarem emoções fortes e frequentemente negativas. Verificamos que a presença do mediador contribuiu fortemente para este resultado, moldando as reações emocionais dos visitantes e também fornecendo informações educativas e científicas.

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Biografia do Autor

Luisa Massarani , Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia

Doutora em Gestão, Educação e Difusão em Biociências (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT); Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro.

Graziele Scalfi, Instituto Nacional de Comunicação Pública em Ciência e Tecnologia

Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em Divulgação Científica e Cultural pelo Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É pesquisadora em divulgação científica em museus e centros de ciências, do Instituto Nacional de Comunicação Pública em Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT). Atua como consultora em educação e pesquisa para museus e outros espaços científicos-culturais. Seus interesses de investigação são a comunicação científica, a educação não formal e as experiências de aprendizagem, com particular ênfase nas crianças e nas famílias.

Waneicy Gonçalves, Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia

Graduada em Biomedicina (UFRJ). Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT); Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ.

 

Alice Ribeiro, Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia

Mestra em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde (Fiocruz). Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT); Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 

Juliana Magalhães, Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia

Doutora em Ecologia e Evolução pela UERJ. Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT); Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.  

 

Juliane Barros da Silva, Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia

Doutoranda em Educação pela Universidade de São Paulo (FE/USP). Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT); Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

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Publicado

2024-12-23

Como Citar

MASSARANI , L. .; SCALFI, G. .; GONÇALVES, W.; RIBEIRO, A.; MAGALHÃES, J.; BARROS DA SILVA, J. . ANIMAIS PERIGOSOS? UMA ANÁLISE DAS RESPOSTAS EMOCIONAIS DE VISITANTES ADULTOS NO SERPENTÁRIO DO MUSEU DA AMAZÔNIA. Revista Exitus, [S. l.], v. 14, n. 1, p. e024071, 2024. DOI: 10.24065/re.v14i1.2691. Disponível em: https://portaldeperiodicos.ufopa.edu.br/index.php/revistaexitus/article/view/2691. Acesso em: 18 jan. 2025.

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