NARRATIVAS ORAIS AMAZÔNICAS: mitos e lendas como mediação no Ensino Fundamental a partir da lei nº 11.645/08
Palavras-chave:
Mitos e Lendas. Amazônia. Oralidade. Educação.Resumo
O presente artigo tem como objetivo dialogar sobre as narrativas orais amazônicas, em especial mitos e lendas, como mediações pedagógicas potentes no processo de ensino-aprendizagem dos anos iniciais do Ensino Fundamental, em consonância com a Lei nº 11.645/08. Ao se abordar as potencialidades culturais, históricas e educativas, vislumbra-se a formação de sujeitos mais conscientes de suas identidades e de seus contextos socioculturais. Como campos de estudo, pode-se recorrer às perspectivas decolonial, interdisciplinar e afetiva, evidenciando experiências em sala de aula que integram oralidade, memória, território e infância. Este trabalho é um recorte de uma pesquisa de mestrado e, para tanto, adota uma abordagem qualitativa, que segundo Pimenta (2011), permite conhecer a realidade dos fenômenos, asssim como compreender seus reflexos no cotidiano da sociedade. Utiliza-se o estudo bibliográfico como método principal. A fundamentação teórica está embasada, sobretudo, nas concepções de Jolles (1976), Marcuschi (1997), Moreira e Candau (2003), Munduruku (2015) e Yamã (2012). As concepções desses autores são sempre dialogadas com a Base Nacional Comum Curricular (Brasil, 2018) e com os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1997), documentos oficiais que norteiam o sistema de educação brasileiro. Assim, pretende-se contribuir para que, nas escolas do território amazônico, se desenvolvam práticas pedagógicas que contextualizem os conhecimentos escolarizados à realidade cultural da criança amazônida, colaborando para que o ambiente escolar seja um espaço de produção de conhecimentos, interligando os saberes universais aos saberes locais.
Downloads
Referências
ALBERTI, Verena. Narrativas na história oral. Simpósio Nacional de História, 22., 2003, João Pessoa. In: Anais do XXII Simpósio Nacional de História: História, acontecimento e narrativa. João Pessoa: ANPUH, 2003. (CD-ROM).
ALBERTI, Verena. Ouvir contar: textos em história oral. 1 ed. 7. reimp. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007.
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1981.
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.
BAIRON, Sérgio. Interdisciplinaridade: educação, história da cultura e hipermídia. São Paulo: Futura, 2002.
BAKHTIN, Mikhail Mikhailovitch. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução de Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2010.
BOURDIEU, Pierre. A Escola Conservadora: As Desigualdades Frente à Escola e à Cultura. In: NOGUEIRA, Maria Alice.; CATANI, Afrânio (Orgs.). Escritos de Educação. Tradução: Aparecida Joly Gouveia. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. Capítulo II, p. 41 - 64.
BRASIL. Lei 11.645/08 de 10 de Março de 2008. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília. Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2008/lei/l11645.htm. Acesso em: 19 mai. 2024.
BRASIL, MEC. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
BRASIL. Ministério de Educação e Cultura. LDB - Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
CASCUDO, Luís da Câmara. Literatura oral no Brasil. 2. ed. São Paulo: Global, 2006.
CUNHA, L. A. Educação, estado e democracia no Brasil. São Paulo: Cortez, 1991.
DINIZ, Denilson Pereira. Formação docente para o atendimento educacional
especializado em salas de recursos multifuncionais na terra das crianças caboclas encantadas do Baixo Amazonas. 2022. 205 f. Tese (Doutorado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2022.
DUTRA, Gracy Kelly Monteiro. A criança e o espaço urbano: percepções ambientais na Amazônia. 1. ed. Curitiba: Appris, 2017.
ELIADE, Mircea. Mito e realidade. Tradução de Pola Civelli. 5. ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 2000.
FAZZI, Rita de Cássia. Sociologia da Infância: reflexões metodológicas da pesquisa com criança. In: REIS, Magali dos; GOMES, Lisandra Ogg. Infância: sociologia e sociedade. São Paulo: Edição Levana/Attar Editorial, 2015.
FENELON, Délia Ribeiro. Cultura e História Social: historiografia e pesquisa. Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História, [S. l.], v. 10, 2012. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/view/12105. Acesso em: 8 out. 2024.
GALVÃO, Eduardo. Santos e visagens. São Paulo/Brasília: Ed. Nacional/INL, 1976.
GOUVÊA, Maria Cristina Soares de. A literatura como fonte para a história da infância: possibilidades e limites. In: LOPES, A; FILHO, L. M. F. e FERNANDES, R. (Orgs.) Para a compreensão história da infância. – Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago Editora Ltda, 1976.
JOLLES, André. Formas simples. Tradução de Álvaro Cabral. São Paulo: Cultrix, 1976.
KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu. 1ª ed. São Paulo: Companhia da Letras, 2015.
KRAMER, Sonia. A política do pré-escolar no Brasil: a arte do disfarce. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Editora: Companhia das Letras, 2019.
LÜCK, Heloísa. Dimensões de gestão escolar e suas competências. Curitiba: Editora Positivo, 2009.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Concepção de língua falada nos manuais de Português de 1º e 2º graus: uma visão crítica. In: Reunião anual da SBPC, nº 49º, 1997, Belo Horizonte/MG. “Ciência hoje, Brasil amanhã”. Universidade Federal de Minas Gerais: UFMG, 1997. p. 39 - 79.
MEDEIROS, Fábio Henrique Nunes; MORAES, Taiza Mara Rauen (Org.). Contação de histórias: tradição, poéticas e interfaces. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2015.
MUBARAC SOBRINHO, Roberto Sanches. Metodologias de investigação com crianças: outros mapas, novos territórios para a infância. E-cadernos CES [Online], 02 | 2008. Disponível em: http://eces.revues.org/1382. Acesso em: 21 mai. 2024.
MUNDURUKU, Daniel. A história de uma vez: um olhar sobre o contador de histórias indígena. In: MEDEIROS, Fábio Henrique Nunes; MORAES, Taiza Mara BRUNO, Poliana de Almeida. As vozes anciãs da aldeia Severino/Tefé-AM: contando histórias, construindo identidades e afirmação étnica. 2023. 87 f. Dissertação (Ciências Humanas) - Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, 2023.
MUNDURUKU, Daniel. Vozes ancestrais: dez contos indígenas. 1ª ed. São Paulo: FTD Educação, 2016.
NOGUEIRA, Wilson. Boi Bumbá: imaginário e espetáculo na Amazônia. Manaus: Valer, 2014.
OLIVEIRA, M. A. Reflexão da historiografia africana: compreensão dos contos e lendas da criação. PRÁXIS TEOLÓGICA, [S. l.], v. 7, n. 1, 2011. Disponível em:
https://adventista.emnuvens.com.br/praxis/article/view/167. Acesso em: 3 maio. 2024.
PIMENTA, Selma Garrido (Org.). Pesquisa em educação: alternativas investigativas com objetivos complexos. 2. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2011.
PIRES, A. de S.; BATALHA, C. A.; SOUZA, J. B. de. A arte de contar histórias a partir dos mitos e lendas da Comunidade Toledo Pizza em Parintins-Am. Revista Eletrônica Mutações, 7(13), 041–057. 2016. Disponível em: https://www.periodicos.ufam.edu.br/index.php/relem/article/view/2801. Acesso em: 6 mai. 2024.
SALES, Maria da Luz Lima. Imaginário juvenil na Foz do Amazonas [livro eletrônico]: boto, Maria Vivó e Matinta Pereira. 1. ed. Santa Maria, RS: Arco Editores, 2020.
SANTOS, Maria das Graças Vieira Proença. História da arte. 17ª. ed. 10ª. impr. São Paulo: Editora Ática, 2011.
SANTOS, Maria do Socorro Libório dos. O guaraná de Maués e as narrativas orais no Ensino de Língua Portuguesa. 2016. 124 f. Dissertação (Mestrado em Educação Agrícola). Instituto de Agronomia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ. 2016.
SARMENTO, Manuel Jacinto. Imaginário e culturas da infância. Instituto de Crianças. Projeto “As Marcas dos Tempos: a Interculturalidade nas Culturas da Infância”. Minho: Universidade do Minho, 2002.
SOUZA, J. A. de Pontes e; MUBARAC SOBRINHO, R. S.; HERRAN, V. C. S.
Ressignificando os conceitos de criança e infância. Revista Amazônida: Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Amazonas, [S. l.], v. 2, n. 1, p. 113–129, 2018. DOI: 10.29280/rappge.v1i1.4116. Disponível em: https://periodicos.ufam.edu.br/index.php/amazonida/article/view/4116. Acesso em: 21 mai. 2024.
TODOROV, Tzvetan. As estruturas narrativas. Tradução de Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Perspectiva, 2006.
UNICEF et al. 30 anos da Convenção sobre os Direitos da Criança: avanços e desafios para meninas e meninos no Brasil. São Paulo: UNICEF, 2019.
UGARTE, Auxiliomar Silva. O mundo natural e as sociedades indígenas da Amazônia na visão dos cronistas ibéricos (séculos XVI-XVII). 2004. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004. Acesso em: 12 dez. 2024.
VAZ FILHO, Florêncio Almeida; CARVALHO, Luciana Gonçalves de (Org.). Isso tudo é encantado: histórias, memórias e conhecimentos dos povos amazônicos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2023.
YAGUARÊ, Yamã. Um curumim, uma canoa. Ilustrações de Simone Mathias. Rio de Janeiro: Zit, 2012.
YAGUARÊ, Yamã. Sehaypóri: o livro sagrado do povo Saterê-Mawé. São Paulo: Peirópolis, 2007.
ZULUAGA, Mayra Yadiva Ricardo. Nainekü: Buegü (crianças) Magütá leen los tü (hilos) del espírito de la selva. 2023. 323 f. Dissertação (Mestre em Ciências Humanas) - Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, 2023.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Kelly Cristina Batista de Castro, Tatiana de Lima Pedrosa Santos

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. Declaro que o trabalho apresentado é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade. Assim, concordo que os direitos autorais a ele referentes se tornem propriedade exclusiva da Editora da Revista Exitus, sendo vedada qualquer reprodução total ou parcial, em qualquer outra parte ou meio de divulgação impresso ou eletrônico, sem ser citada a fonte. Declaro, ainda, estar ciente de que a não observância deste compromisso submeterá o infrator a sanções e penas previstas na Lei de Proteção de Direitos Autorais (Nº 9.610, de 19/02/1998).








