ENTRE AS CRIANÇAS INDÍGENAS ZUIMÃ E TAUHITÊ: Roquette-Pinto e os povos Pareci e Nambikuara
DOI:
https://doi.org/10.24065/2237-9460.2022v12n1ID1946Palavras-chave:
Crianças indígenas. Roquette-Pinto. Infâncias interculturais.Resumo
O objetivo deste estudo foi analisar por meio de uma revisão crítica, as representações de infâncias indígenas evidenciadas nos registros etnográficos de Roquette-Pinto no livro: “Rondônia” (1919). Na ocasião, o autor participava da expedição na Serra do Norte localizada na época nos estados do Amazonas e Mato Grosso, no âmbito da Comissão Rondon. Esta leitura mobilizou a elaboração do presente escrito tendo em vista a necessidade de conhecer aspectos das relações crianças/infâncias das populações originárias no começo do século XX. O procedimento metodológico adotado foi a pesquisa bibliográfica considerando as possibilidades de aprofundamento teórico e o reexame analítico. Os resultados informaram que as crianças citadas por Roquette-Pinto eram de duas etnias: Pareci/Ariti e Nambikuara, povos que tiveram seus territórios cortados pelo projeto da construção das Linhas Telegráficas e que na atualidade seguem suas lutas pelo direito à existência com dignidade. Conclui-se que as anotações reflexivas de Roquette-Pinto a respeito das infâncias/crianças possibilitam aproximações dialógicas com a Sociologia da Infância, a Antropologia da Infância na medida em que apontam especificidades culturais nestes contextos e com a Educação por meio das relações indissociáveis entre cuidar/educar. Uma contribuição que pode ampliar a compreensão interdisciplinar e intercultural do tema, além de disponibilizar elementos importantes sobre as diferentes produções de infância e suas repercussões na contemporaneidade.
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